Um triunfo para física, para a ciência e para a humanidade. Ainda há um longo caminho pela frente, mas o dia 4 de julho de 2012 representa um marco na história da ciência. É o que afirmam alguns dos 27 ganhadores do Prêmio Nobel reunidos no Lindau Nobel Laureate Meeting, que está acontecendo esta semana, na Alemanha.
Desde que o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), na Suíça, informou que faria um importante anúncio nesta quarta-feira, começaram as especulações a respeito da descoberta. A notícia foi transmitida ao vivo de Genebra para o evento alemão e para a 36ª Conferência Internacional em Física de Altas Energias (ICHEP2012), em Melbourne, Austrália. Ambos os eventos estão reunindo a nata da comunidade científica física durante esta semana.
Dois experimentos do Cern, o ATLAS e o CMS, observaram uma nova partícula, com características compatíveis ao bóson de Higgs. No entanto, os cientistas afirmam que ainda precisam de tempo para confirmar de que se trata mesmo do misterioso bóson que completaria o chamado Modelo Padrão. A descoberta foi feita com dois instrumentos do LHC (Grande Colisor de Hadrons), o maior acelerador de partículas do mundo.
Fim e recomeço - A novidade é uma partícula com energia de 125-126 GeV (giga-elétronvolts) que decai em um par de bósons Z, e que depois se dissolvem em outras partículas. E o resultado desses decaimentos sequenciais que é observado nos detectores do acelerador.
"É o fim de uma era no sentido de que estávamos esperando por uma descoberta dessa natureza há mais de trinta anos. Mas é o começo de algo que, esperamos, seja a exploração de uma física além do Modelo Padrão, uma nova janela, com muitas novidades para observar", opina David Gross, Prêmio Nobel de Física em 2004, lembrando que pode se tratar de "um" bóson de Higgs e não "o" bóson de Higgs.
Por sua vez, Carlo Rubbia, Prêmio Nobel de Física em 1984, lembra que, ao longo das últimas décadas, "vários modelos de bósons foram propostos", mas que é "extraordinário" que dois experimentos independentes tenham conseguido resultados tão similares. Ele se refere ao fato de que na segunda-feira (2) os americanos divulgarem dados que mostravam a indicação de uma partícula com as características do bóson de Higgs e uma energia entre 115 e 135 giga-elétronvolts (GeV), com 90% de confiança. "Isso não acontece todos os dias", ressalta.
Divergências - Rubbia também classifica a descoberta como um "marco". "Estamos prestes a virar uma página, mas eu não sei qual é a próxima página", opina. Menos entusiasmado, o holandês Martinus Veltman, Prêmio Nobel de Física em 1999, afirmou que não se pode separar o suposto Higgs do contexto geral dos estudos de partículas. No dia anterior ao anúncio, ele já havia criticado "a ridícula campanha de relações publicas" em torno da notícia.
"[A descoberta] abriu um mundo de possibilidades de pesquisa. É um estímulo para a física de partículas", sublinha David Gross. "A física vai continuar, isso não acaba aqui, temos que responder perguntas cada vez mais difíceis", conclui Rubbia, afastando a ideia de qualquer sensação de "vazio" que a descoberta poderia causar naqueles que estão pesquisando a partícula há décadas.
O bóson ganhou esse nome em homenagem ao físico escocês Peter Higgs, um dos vários cientistas que desenvolveram a teoria de como as partículas poderiam ter massa, mais tarde incorporada ao Modelo Padrão. De acordo com o comunicado oficial do Cern, o próximo passo é determinar a natureza específica da partícula e seu significado para a compreensão do Universo.
(Clarissa Vasconcellos - Jornal da Ciência)
1 comentários:
Estarei providenciando a postagem, Alessandra!
Muito obrigada pela visita!!
=]
Um mol de abraços!
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Obrigada pela visita e pelo comentário!
Quimiloko honorário volta sempre!!
hehehe!