A ONU declarou 2013 como o Ano Internacional da Cooperação da Água. As Nações Unidas esperam, através de esforços de cooperação entre Estados e organizações, melhorar significativamente as condições de vida de uma larga franja da população mundial que não tem acesso à água potável e/ou ao saneamento básico.
Cerca de 70% do nosso planeta é constituído
por água. No entanto, apenas cerca de 3% é água doce, e destes, dois
terços encontram-se retidos nos glaciares, restando apenas 1% de água
disponível para utilização humana.
Estes 1% de água doce disponível, a que correspondem
cerca de 13 600 000 km3, seriam, de acordo com a Organização das Nações
Unidas, mais do que suficientes para suprir às necessidades de toda a
população mundial, não fossem as más práticas que conduzem a um elevado
desperdício e à poluição deste recurso em todo o mundo.
Assim, uma grande parte da água doce disponível não
pode ser utilizada porque se encontra demasiado degradada e é inadequada
para as utilizações pretendidas, nomeadamente o abastecimento para
consumo humano. A água torna-se pois um recurso escasso, apesar de ser
um bem comum.
Em Julho de 2010, a Organização das Nações Unidas
declarou o acesso à água potável e ao saneamento básico um direito
humano essencial. Actualmente, e em todo o mundo, cerca de 900 milhões
de pessoas não tem acesso a água de qualidade e cerca de 2,6 milhões de
pessoas não têm saneamento básico. Todos os anos, morrem 1,5 milhões de
crianças com menos de 5 anos de idade, devido a doenças relacionadas com
a falta de água potável e de saneamento. Estima-se que 80% das doenças
humanas estejam relacionadas com a utilização da água não tratada, com o
saneamento precário e com a falta de cuidados básicos de higiene. A
Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que as doenças transmitidas
dessa forma provocam pelo menos 25 milhões de mortes por ano nos países
em desenvolvimento, gerando custos altíssimos para a vida humana.
A Resolução das Nações Unidas apela a que as nações
se empenhem na melhoria da situação actual e que as cooperações
internacionais sejam reforçadas para que se cumpram os Objectivos de
Desenvolvimento do Milénio na data acordada de 2015* .
Na sequência desta resolução, e para chamar a atenção
da sociedade civil, empresas e governos para este facto, no sentido de
tentar melhorar os índices de acesso à água potável e ao saneamento
básico em todo o mundo, a ONU declarou, em Dezembro de 2010, o ano de
2013 como o Ano Internacional da Cooperação da Água. O dia 22 de Março
de 2013, normalmente celebrado como o Dia Mundial da Água, será também
este ano dedicado à cooperação da água.
Dado o carácter universal e transversal da água, que
interliga aspectos naturais, ambientais, científicos, educacionais e
culturais, as Nações Unidas delegaram na UNESCO a organização do Ano
internacional da Cooperação da Água. O principal objectivo deste Ano
Internacional é assim alertar para as questões relacionadas com a água,
ao nível quer das potencialidades para a cooperação entre nações e
organizações, quer dos desafios que se colocam à gestão dos recursos
hídricos, tendo em conta o aumento da procura e as crescentes
necessidades de acesso e disponibilização do recurso água.
Este Ano Internacional incidirá sobre casos de
iniciativas bem sucedidas de cooperação da água, bem como sobre os temas
mais prementes relacionados com a educação, a diplomacia, a gestão
transfronteiriça dos recursos hídricos, a cooperação financeira, os
enquadramentos legais nacionais e internacionais e as ligações com os
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Pretende-se também que sejam
capitalizados os desenvolvimentos conseguidos na Conferência das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), no sentido de serem
formulados novos objectivos que possam contribuir para o um
desenvolvimento verdadeiramente sustentável dos recursos hídricos
(UN-Water, 2011).
Durante 12 meses, a UNESCO irá promover eventos e
debates que ajudem a procurar soluções para combater alguns dos mais
graves problemas da Humanidade, nomeadamente a ausência de água potável
para cerca de 11% da população mundial, a falta de saneamento para cerca
de um terço da população mundial e a morte de cerca de 5 mil crianças
todos os dias devido a doenças provocadas pela falta de acesso a água de
qualidade.
* "Os
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio são oito objectivos
específicos, estabelecidos oficialmente durante a Cimeira do Milénio das
Nações Unidas, em 2000, visando o combate à pobreza e a procura do
desenvolvimento sustentável. Foram subscritos por todas as 193 nações
que integravam a ONU à data e por mais de 23 organizações
internacionais, que se comprometeram a atingi-los no ano de 2015. Os
oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio são: (1) Erradicar a
pobreza extrema e a fome; (2) Alcançar o ensino primário universal; (3)
Promover a igualdade de género e a autonomização da mulher; (4) Reduzir a
mortalidade de crianças; (5) Melhorar a saúde maternal; (6) Combater o
VIH/SIDA, a malaria e outras doenças; (7) Garantir a sustentabilidade
ambiental; e (8) Criar uma parceria global para o desenvolvimento."
Mais informação em: http://www.un.org/millenniumgoals/
O desafio da água na União Europeia e em Portugal
Mas se estas questões assumem um carácter de maior
urgência nos países em desenvolvimento, os países desenvolvidos
enfrentam também enormes desafios na gestão dos recursos hídricos. Um
relatório da European Environment Agency (EEA), publicado em Novembro,
informa que mais de metade das massas de água na União Europeia se
encontram em mau estado e dificilmente atingirão o bom estado ecológico
em 2015, conforme as metas estabelecidas pela Directiva Quadro da Água
(DQA).
Grande parte da poluição verificada nas massas de
água, não apenas superficiais, mas também de origem subterrânea,
devem-se a fertilizantes e outros poluentes oriundos da actividade
agrícola. A agricultura é também a actividade com maior intensidade
hídrica, com cerca de 50 a 60 % do consumo total de água, quantidade
essa que atinge os 80% nos países do Sul da Europa, e nomeadamente em
Portugal e Espanha.
As alterações climáticas contribuirão também para o
aumento da pressão sobre os recursos hídricos na União Europeia, onde é
esperada nas próximas décadas uma redução das disponibilidades hídricas
para os vários usos. A gestão transfronteiriça dos recursos hídricos
partilhados assume aqui uma especial relevância e sensibilidade.
Portugal, sendo um país da bacia do Mediterrâneo,
encontra-se numa situação particularmente vulnerável a fenómenos
extremos decorrentes das alterações climáticas, nomeadamente secas, como
a que ocorreu no último ano hidrológico.
O último Relatório do Estado do Ambiente reporta que
um terço das massas de água apresenta má ou muito má qualidade. A
conjuntura económica actual e os fortes constrangimentos financeiros que
o país atravessa neste momento tornam os desafios ainda mais difíceis.
Os Planos de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH),
embora muito atrasados face ao disposto na DQA, podem e devem ser uma
oportunidade para que se estabeleçam prioridades realistas e se
implementem medidas de protecção dos recursos hídricos. O
estabelecimento de uma gestão conjunta com Espanha para as bacias
hidrográficas partilhadas na próxima geração de PGRH, já em 2015, será
absolutamente essencial. E espera-se ainda que, em 2013, o Plano
Nacional da Água assuma finalmente o seu papel orientador e enquadrador
da política da água em Portugal.
O envolvimento activo de todos os agentes da
sociedade civil é necessário no sentido de se conseguir uma política da
água verdadeiramente coerente e articulada, que promova a utilização
racional do recurso água, não apenas para o presente, mas principalmente
para os anos vindouros. O futuro dependerá muito da forma como
aprendermos a valorizar e a proteger verdadeiramente o bem precioso à
vida humana e a toda a vida no Planeta Terra que é a Água.
FONTE: http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=18803
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Quimiloko honorário volta sempre!!
hehehe!