Olá pessoas!
Hoje venho trazer alguns dados a respeito do livro que trabalharei com meus 3º anos do CEJA e do CPMG.AS, "George e o Segredo do Universo".
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No início dos anos 80 o Sistema Solar contava com 9 planetas. Eu tinha 8 anos e não sei se aprendi isso nas aulas de ciências ou nas madrugadas assistindo a série COSMOS de Carl Sagan. O fato é que ficava acordado até tarde para ver aquelas imagens maravilhosas do universo e do planeta Terra. Muito antes do telescópio Hubble e dos efeitos da computação gráfica. Temas fascinantes para olhares curiosos e o meu sempre o foi. Mas falar sobre o Universo é trabalhar lado a lado com a Física, uma matéria nada dócil quando não se tem o dom para a coisa. Nunca fui fã da matéria. Tinha facilidade para decorar as fórmulas, mas não entendia bem o porquê daquilo tudo. Acabei me entregando às explicações que lia nas revistas em quadrinhos. Os segredos científicos desvendados por Reed Richards do Quarteto Fantástico, por exemplo, constituíam a minha Ciência particular. Havia uma lógica ali que cabia na minha cabeça fértil por descobertas. É claro que guardava para mim toda aquela gama de conhecimento sobre raios cósmicos, universos paralelos e buracos negros. Afinal, ninguém mais me explicava como o mundo estava ali, cheio de hidrogênio, oxigênio, moléculas de carbono...
Uma delas é o trabalho do ilustrador Garry Parsons que dá ainda mais agilidade à história que fala do encontro de George, um menino cuja família vive às margens da tecnologia, com sua nova vizinha, Annie, uma menina muito esperta que guarda em casa o computador mais poderoso do mundo: Cosmos. Daí, a ponte para viagens ao espaço, intrigas na escola, um professor misterioso e descobertas científicas. Outra delícia são as fotos coloridas de estrelas, cometas, planetas, luas, nebulosas e outros elementos do universo. Há ainda – paralelo ao enredo – quadros explicativos com curiosidades sobre o Sistema Solar. A história, embora recheada de verdades absolutas, é uma grande ficção. Um delicioso petisco para iniciar a garotada no fantástico mundo da ciência. Neste livro, o leitor verá que um pouco de ciência pode entreter e ao mesmo tempo abrir seus olhos para o que acontece “lá fora”.
Agora, nunca esqueça do Juramento do Cientista. Use o conhecimento para o bem, senão poderá ser vítima da Maldição da Vida Alienígena que vocifera: “Você
ficará verde, o seu cérebro borbulhará e vazará pelas orelhas e pelo
nariz. Seus ossos virarão borracha e nascerão centenas de verrugas pelo
seu corpo. Só poderá comer espinafre e brócolis e jamais tornará a
assistir televisão, pois ela fará seus olhos caírem da cabeça”. Putz, nem na série V – A Batalha Final tinha uma maldição desta qualidade!!! That´s all, folks.
P.S. 1. Os trechos em laranja foram copiados do livro.
P.S.
2. Para os adultos que resistem a um livro com “caráter infantil” mas
estão em busca de alguma ficção com noções sobre o universo, recomendo a
leitura de Contato, de Carl Sagan. Se a preguiça atacar, vá à locadora e peça a versão cinematográfica, com Jodie Foster. Os dois são imperdíveis!!! P.S. 1. Os trechos em laranja foram copiados do livro.
P.S. 3. A primeira foto é a do maior Buraco Negro já descoberto, com 22 a 34 vezes a massa do Sol.
P.S. 4. Para os amantes da Ficção Científica e loucos por um humor refinado recomendo O GUIA DO MOCHILEIRO DAS GALÁXIAS, de Douglas Adams. É ÓTIMO!!!
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Andei dando uma busca nos sites onde tenho hábito de comprar livros e encontrei os seguintes valores:
LIVRARIA SARAIVA - 44,90
LIVRARIA LEITURA - 44,90
AMERICANAS - 37,90
Isso aqui, pela internet! Não sei informar a vocês os valores em cada loja.
O que eu encontrei em PDF, é um PDF on line, ou seja, você o lê, mas não o salva.
Mas já é alguma coisa, não?!
O link do GEORGE E SO SEGREDO DO UNIVERSO PDF ON LINE é:
E, para complementar...Segue uma biografia do STEPHEN HAWKING:
A biografia de Stephen Hawking: Deus, a ciência e eu
Um dos homens que mudaram a concepção do Universo, o físico inglês Stephen Hawking, conta histórias da Física e de sua vida em seu segundo livro recém-lançado na Europa.
O sucesso de Uma breve história do tempo — seu primeiro livro, traduzido em trinta idiomas e com 5,5 milhões de exemplares vendidos desde o lançamento em abril de 1988 — levou Hawking a escrever História do tempo: um guia para o leitor (ainda não editado no Brasil). Nele, o físico
fala de seu empenho em aprender, comunicar-se, viver, e ainda oferece
informações adicionais para auxiliar os leitores a compreender melhor os
conceitos expostos em Uma breve história do tempo e também no filme de
mesmo nome, dirigido por Errol Morris. Astro principal da história, Hawking estranhou o roteiro quando as filmagens começaram. Segundo ele, havia pouca ciência e muita biografia,
coisa que de cara tinha descartado. Mas, depois, o cineasta o convenceu
de que tinha de ser assim, pois o filme imaginado pelo físico, mais ao estilo documentário, atrairia apenas um pequeno grupo de pessoas. Hawking
acabou concordando, pois, em sua opinião, “Morris é um homem íntegro,
coisa pouco freqüente no mundo do cinema”. O resultado será, com
certeza, um novo best seller e um filme bem-sucedido. Reproduzimos a
seguir alguns dos trechos mais surpreendentes desse guia para o leitor.
Sob o signo de Galileu
“Nasci
em 8 de janeiro de 1942, exatamente 300 anos depois da morte de
Galileu. Calculo, entretanto, que naquele mesmo dia nasceram outros 200
000 bebês e desconheço se algum se interessou posteriormente por
Astronomia. Vim ao mundo em Oxford, embora meus pais vivessem em
Londres. Era um bom lugar para nascer durante a guerra, graças ao acordo
pelo qual os alemães tinham se comprometido a não bombardear Oxford nem
Cambridge se os britânicos respeitassem Heidelberg e Göttingen (essas
cidades eram e continuam a ser sede de quatro grandes e seculares
universidades). Foi uma pena que esse tipo de pacto civilizado não se
estendesse a outros lugares.
Meu pai era de Yorkshire, de uma
família arruinada em princípios deste século e, mesmo assim, conseguiu
enviá-lo a Oxford para estudar Medicina e ele logo se especializou em
Medicina tropical. Minha mãe nasceu em Glasgow, Escócia, e, como meu
pai, pertencia a uma família de poucos recursos. Apesar disso, ela
também pôde ir para Oxford. Ao sair de lá, teve vários empregos, entre
eles o de fiscal fazendária. Mas ela não gostava daquele mundo e o
deixou para tornar-se secretária. Foi assim que conheceu meu pai, nos
primeiros anos da guerra.
Eu era um menino bastante normal, lerdo
para aprender a ler e muito interessado em como funcionavam as coisas.
Na escola nunca estive entre os primeiros da classe (era um grupo muito
brilhante). Quando eu tinha 12 anos, um amigo apostou com outro um saco
de caramelos como eu não seria nada na vida. Não sei se a aposta foi
paga ou, caso tenha sido, quem foi o ganhador.
Oxford apático
Meu
pai queria que eu estudasse Medicina. Para mim, a Biologia era muito
descritiva e não suficientemente fundamental. Eu preferia estudar
Matemática e Física. De sua parte, meu pai achava que a Matemática não tinha outra saída que não fosse o ensino, e por isso me fez aprender Química e Física.
Além do mais, ele pretendia que eu me matriculasse no mesmo centro que
ele, a Universidade de Oxford. Mas lá não se ensinava Matemática naquele
tempo. Quando chegou o momento, em 1959, ingressei na dita instituição
para estudar Física, o que realmente me interessava.
A
maioria de meus companheiros de universidade tinha feito o serviço
militar e, portanto, eram maiores de idade. Durante o primeiro ano e
parte do segundo me sentia muito sozinho. Até o terceiro ano não me
senti à vontade. Na Oxford daquela época, a atitude predominante era o
antitrabalho. Supunha-se que se deveria ser brilhante sem fazer nenhum
esforço ou aceitar as próprias limitações e conseguir um título de
quarta categoria. Esforçar-se para obter uma qualificação melhor era
considerado coisa de medíocre, a pior palavra do vocabulário oxfordiano.
Naquele tempo, os cursos de Física
de Oxford estavam enfocados de tal forma que era fácil evitar o
trabalho. Tive de fazer um exame médico antes de entrar na universidade e
não voltei a ser examinado outra vez até o final do curso, três anos
depois. Segundo meus cálculos, devo ter estudado aproximadamente umas
mil horas durante esse período, uma hora diária em média. Não tenho
orgulho de ter trabalhado pouco, simplesmente descrevo minha atitude de
então, compartilhada pela maior parte de meus colegas: apatia diante de
tudo e a sensação de que nada valeria a pena se fosse necessário
esforçar-se por alguma coisa.
Crônica de uma morte sonhada
Pouco
depois de fazer 21 anos entrei no hospital para fazer uns exames.
Extraíram uma amostra de tecido muscular do meu braço, me colocaram
eletrodos e injetaram um líquido de contraste em minha coluna para
observar, por meio de raios X, como ela subia e descia ao se inclinar a
cama. O diagnóstico foi esclerose lateral amiotrófica, ou doença dos
motoneurônios, como é conhecida na Inglaterra.
Ao saber que tinha
uma doença incurável, que provavelmente me levaria à morte em poucos
anos, sofri uma comoção. Como isso podia ter acontecido comigo? Naquela
época, meus sonhos eram bastante perturbadores. Antes que
diagnosticassem minha enfermidade cheguei a ficar aborrecido com a vida.
Parecia nada valer a pena. Porém, pouco depois de sair do hospital
sonhei que iam me executar. De repente, compreendi que se eu fosse
indultado poderia fazer muitas coisas interessantes. Na raiz da minha
doença cheguei à seguinte conclusão: quando temos de enfrentar a
possibilidade de uma morte prematura, nos damos conta de quanto viver
vale a pena.
O sentido da vida
Parecia-me
não ter sentido continuar com minhas pesquisas, pois não esperava viver o
suficiente para terminar o doutoramento. Com o passar do tempo, a
indolência recuou. Comecei a entender a relatividade geral e a progredir
em meus estudos. No entanto, o realmente decisivo foi meu compromisso
com uma mulher chamada Jane Wilde. Ela me deu uma razão para viver e me
fez entender que tinha de conseguir um trabalho se queríamos nos casar.
Meu
pedido para fazer pesquisa em Cambridge foi aceito, embora tenha me
decepcionado ao saber que meu orientador não seria Fred Hoyle e sim um
desconhecido chamado Dennis Sciama (provavelmente, Hawking
não o conhecia na época, mas ele é um dos maiores físicos do
pós-guerra). Tanto um quanto outro acreditavam na teoria do estado
estacionário, segundo a qual o Universo
não teria princípio nem fim no tempo. No final, a mudança de orientador
resultou muito gratificante. Hoyle viajava sem cessar ao exterior, e
era provável que eu o visse muito pouco. Sciama, ao contrário, estava
sempre à mão, e sua presença era estimulante, ainda que freqüentemente
não compartilhasse de suas idéias. Assisti ao seminário no qual se
anunciou a existência dos pulsares (estrelas que emitem pulsos regulares
de rádio, e parecem uma mensagem cifrada, daí a piada de que seriam
sinais de extraterrestres). A sala estava enfeitada com homenzinhos
verdes de papel. Os primeiros quatro pulsares descobertos foram
batizados de LGM I, II, III e IV. LGM é a sigla em inglês para Little
green men, homenzinhos verdes.
No princípio foi a singularidade
As observações das galáxias remotas indicam que elas estão se distanciando de nós. O Universo
está em expansão. Isto quer dizer que os astros tinham de estar mais
juntos no passado. E aqui surge uma questão: houve um tempo em que todas
as galáxias estiveram comprimidas num único ponto e a densidade do
Cosmo era infinita? Ou houve uma fase prévia de contração na qual as
galáxias evitaram se chocar? Talvez tenham passado umas ao lado das
outras em grande velocidade e em seguida começado a se distanciar. Para
responder a essa pergunta eram necessárias novas técnicas matemáticas.
Estas, em sua maior parte, foram desenvolvidas entre 1965 e 1970 por
Roger Penrose e por mim mesmo. Nós as utilizamos para demonstrar que se a
teoria geral da relatividade estava certa, devia haver um estado de
densidade infinita no passado. Esse fenômeno é conhecido como a
singularidade do Big Bang e constituiria o princípio do Universo.
Diante dele, todas as leis conhecidas da ciência viriam abaixo. Isso
significaria que, se a relatividade geral está correta, nós cientistas
não poderíamos deduzir como começou o Cosmo.
Buracos negros e espaguetes
Cair
num buraco negro se transformou num dos horrores comuns da ficção
científica. Porém, os buracos negros já podem ser considerados
realidades científicas. Como é lógico, os escritores de histórias
fantásticas somente se interessam pelo que acontece se você despencar
num deles. Uma idéia muito difundida é que se o buraco negro tem um
movimento rotatório, você pode entrar num pequeno vazio de espaço-tempo e
sair em outra região do Universo.
Obviamente, isso abre enormes possibilidades às viagens pelo Cosmo. Com
efeito, necessitamos algo assim para poder visitar outras estrelas,
para não dizer outras galáxias. Do contrário, já que nada pode viajar
mais rápido que a luz, um périplo de ida e volta à estrela mais próxima
duraria oito anos. Esqueçamos os fins de semana em Alfa Centauro. Por
outro lado, se pudéssemos passar através de um buraco negro,
reapareceríamos em qualquer lugar do Universo.
Assim, não fica muito claro como conseguiríamos chegar ao nosso
destino: seria o mesmo que planejar férias em Virgem e acabar na
nebulosa do Caranguejo.
Sinto ter que desiludir o turista
galáctico do futuro, mas as coisas não são assim: se saltasse dentro de
um buraco negro, você ficaria em pedaços e seria esmagado até não restar
nenhum sinal. Apesar disso, as partículas que foram seu corpo seriam
transportadas, de certo modo, a outro mundo. Não sei se isso serve de
consolo a alguém que é convertido em espaguete no interior de um
destrutivo turbilhão espacial.
O astronauta reciclado
Uma
noite, pouco depois do nascimento de minha filha Lucy, comecei a pensar
nos buracos negros enquanto me preparava para deitar. Devido à minha
incapacidade física,
essa simples rotina cotidiana se convertera num processo bastante
lento. Por isso, dispunha de muito tempo. De repente, compreendi que a
área do horizonte de eventos (a superfície que delimita o buraco negro)
sempre aumenta com o tempo. Estava tão entusiasmado com minha descoberta
que quase não dormi naquela noite. O aumento dessa zona fronteiriça
indicava que um buraco negro possui uma quantidade chamada entropia, a
medida do nível de desordem que contém. E se tem entropia, deve ter
também uma temperatura. Bem, se você aquecer um atiçador no fogo, ele
vai ficar vermelho e emitir radiação. Mas um buraco negro não irradia
absolutamente nada pois nada escapa dele.
A relatividade geral é
considerada uma teoria clássica. Pressupõe um caminho único definido
para cada partícula. Porém, segundo a outra grande teoria do século XX —
a da mecânica quântica —, existe um elemento de probabilidade e
incerteza. Durante o tempo que visitei Moscou, em 1973, discuti com
Yakov Zeldovich, o pai da bomba de hidrogênio soviética, o efeito da
mecânica quântica sobre os buracos negros. Pouco depois, fiz meu achado
mais surpreendente. Descobri que as partículas se filtrariam através do
horizonte de eventos e escapariam do buraco negro. Primeiro contei isso a
Sciama e logo me dei conta de que o segredo não era mais segredo. Roger
Penrose me telefonou durante um jantar de aniversário. Estava tão
entusiasmado e falou tanto tempo que, quando desligou, minha comida
estava completamente fria. Foi uma pena: era ganso, um dos meus pratos
favoritos.
Eu ainda não acreditava totalmente. Convenci-me de que
os buracos negros emitem radiação quando encontrei o mecanismo que podia
fazer isso acontecer. Segundo a mecânica quântica, o espaço está cheio
de partículas e antipartículas virtuais que de forma constante se
materializam em duplas, se separam, logo voltam a se juntar e se
aniquilam. Na presença de um buraco negro, pode ser que uma das
partículas desse par caia no seu interior deixando a outra sem
companheira para destruir. A partícula abandonada constitui a radiação
emitida pelos buracos negros. A mecânica quântica admite que uma
partícula escape de uma dessas terríveis gargantas galácticas, coisa que
a teoria da relatividade não permitia.
Einstein jamais aceitou a
mecânica quântica devido a seu componente de improbabilidade e
incerteza. Ele dizia: “Deus não joga dados”. Parece que o gênio alemão
estava duplamente equivocado. Os efeitos quânticos dos buracos negros
sugerem que Deus não apenas joga dados como às vezes os tira de onde
ninguém pode vê-los. Todas essas descobertas nos têm mostrado que o
colapso gravitacional não é tão definitivo como pensávamos. Se um
astronauta cair em uma garganta galáctica, será devolvido ao resto do Universo em forma de radiação. Nesse sentido pode-se dizer que o astronauta será reciclado.
Cada vez mais sereno
Até
1974 podia comer, sentar e levantar sem ajuda. Jane foi capaz de cuidar
de mim e criar dois filhos sem a ajuda de ninguém. Mas as coisas
estavam ficando cada vez mais difíceis e decidimos que um de meus
estudantes viria morar conosco.
Tempo real e tempo imaginário
Meu interesse pela origem e destino do Universo
se reavivou em 1981, quando assisti a uma conferência sobre Cosmologia
no Vaticano. Depois, o papa João Paulo II, que ainda estava se
recuperando de um atentado contra sua vida, concedeu-nos uma audiência.
Ele nos disse que era correto estudar a evolução do Universo
depois do Big Bang, porém não devíamos indagar sobre a Grande Explosão
em si, pois esse foi o momento da Criação, e portanto, obra de Deus.
Alegrei-me por ele não saber o tema de minha conferência: a
possibilidade de o espaço-tempo ser finito, mas sem fronteira, o que
significaria que não tinha havido um começo. Em meu trabalho As
condições de fronteira do Universo,
eu sugeria que o espaço e o tempo eram finitos em extensão, porém
estavam encerrados em si mesmos, sem limites, da mesma forma que a
superfície do planeta Terra é finita ainda que não tenha fronteiras. Em
nenhuma das minhas viagens consegui cair da borda do mundo.
Na época da conferência do Vaticano não sabia como utilizar essa idéia para fazer previsões sobre o comportamento do Universo.
Entre 1982 e 1983 trabalhei com meu amigo e colega Jim Hartle, da
Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, e demonstramos como
utilizar o conceito da inexistência de fronteiras para calcular o estado
do Cosmo em uma teoria quântica da gravidade. Se a proposta da ausência
de limites for correta, não haveria nenhuma singularidade e as leis da
ciência seriam sempre válidas, inclusive a do começo do Universo. Tinha conseguido realizar minha ambição de descobrir como tudo começou. Ainda assim, continuo sem saber por que o fiz.
Para
falar de nossas origens, necessitamos de leis que possam ser válidas em
qualquer estado. No tempo real só existem duas possibilidades: que este
se prolongue para trás, no passado, para sempre, ou que tenha um
princípio. Pode-se então imaginar uma linha que vá do Big Bang ao Big
Crunch (o colapso final do Universo).
Mas também pode-se considerar outro sentido do tempo, em ângulo reto ao
tempo real. É a chamada direção imaginária. Nela não há por que haver
singularidade que constitua um começo ou um fim para o Universo.
O espaço não seria criado nem destruído. Talvez o tempo imaginário seja
o autêntico tempo real e o que chamamos tempo real seja somente um
produto de nossa imaginação.
Um lugar para Deus
A maioria das pessoas acredita que Deus permite a evolução do Universo
de acordo com um conjunto de leis, sem precisar intervir nele. Mas
continuaria sendo assunto divino dar corda ao relógio e escolher o
momento de fazê-lo funcionar. Se o Universo
teve um começo, podemos supor que teve um criador. Porém, se o Cosmo,
com efeito, se contém em si mesmo, há lugar para um sumo Criador? Em
certa ocasião, Einstein perguntou: “Que grau de deliberação teve Deus na
gênese do Universo?”
Se a proposta da ausência de limites estiver correta, ele não teve
nenhuma liberdade para escolher as condições iniciais. Só pôde escolher
as leis que regeriam sua obra magistral.
De fato, é possível que
não tenha havido tal determinação. Na realidade, pode ser que exista
somente uma teoria unificada que permita a existência de estruturas tão
complicadas como os seres humanos, indivíduos capazes de investigar as
leis do Universo e questionar sobre a natureza de Deus.
Minha última assinatura
Em 1979, fui eleito professor de Matemática na mesma cátedra que, um dia, fora ocupada por Isaac Newton. Há um enorme livro
que todos os professores da universidade devem assinar. Depois de mais
de um ano ali, eles se deram conta de que eu ainda não o havia assinado.
Trouxeram-me o livro e assinei com certa dificuldade. Aquela foi a última vez que escrevi meu nome.
Voz da ciência
Antes
da intervenção cirúrgica, minha fala havia se tornado ininteligível e
poucas pes-soas que me conheciam conseguiam me entender. Ditava meus
trabalhos científicos e dava seminários com a ajuda de um intérprete. A
traqueotomia me privou totalmente dessa função, tão corriqueira nos
outros. Durante algum tempo, a única maneira que eu tinha de me
comunicar era soletrando as palavras e levantando as sobrancelhas quando
alguém assinalava a letra correta numa cartolina com o alfabeto. Com
esse método, era bastante difícil manter uma conversa, quanto mais
re-digir um trabalho científico.
Por sorte, um especialista em
Informática, da Califórnia, ciente da minha situação, mandou um programa
que me permitia selecionar palavras de uma série de menus na tela
apertando uma tecla com o dedo. O aparelho também funciona com outro
botão acionado por um movimento da cabeça ou dos olhos. Quando tenho
frases suficientes posso mandá-las para um sintetizador de voz que,
junto com o computador, está acoplado à minha cadeira de rodas. Esse
sistema permite que agora eu me comunique muito melhor. Posso construir
até quinze palavras por minuto e dizer o que escrevi ou gravar num
disco. A voz é muito importante, pois se temos uma fala inexpressiva é
muito provável que as pessoas nos tratem como deficiente mental. Meu
sintetizador é o melhor de quantos ouvi, pois muda de entonação e não
vocaliza como se fosse um robô estúpido. O único problema é que me deu
um sotaque americano.
Adeus ao passado
O que aconteceria se o Universo
deixasse de se expandir e começasse a se contrair? A seta termodinâmica
se inverteria e com o tempo começaria a diminuir a desordem? Veríamos
xícaras quebradas se recompondo no chão e saltando de novo sobre a mesa?
Recordaría--mos as cotações da manhã e faríamos fortuna na Bolsa? Eu
acreditava que o Cosmo teria de voltar a um estado de calma e ordem
quando começasse a se contrair. Se fosse assim, durante essa fase as
pessoas viveriam suas vidas ao contrário. Morreriam antes de nascer e se
tornariam progressivamente mais jovens conforme o firmamento
diminuísse. Estava enganado. Eu estava utilizando um modelo de Universo demasiadamente simplificado. O tempo não mudará de direção quando o Universo começar a se contrair. E as pessoas, infelizmente, continuarão a envelhecer como sempre.
O Big Crunch
O
Cosmo tem dois possíveis destinos. Pode continuar se expandindo sempre
ou contrair-se de novo e terminar com o Big Crunch. Sou defensor da
segunda tese. Tenho, sem dúvida, certas vantagens sobre outros profetas
do fim do mundo. Aconteça o que acontecer, é pouco provável que dentro
de mil milhões de anos eu esteja aqui para me dizerem que estava
enganado.
A borda da morte
Voltava para
casa, na noite de 5 de março de 1991. Estava escuro e chovia. A cadeira
de rodas tinha luzes de bicicleta dianteiras e traseiras. Ao atravessar
uma avenida, vi uns faróis que se aproximavam, mas julguei que poderia
cruzar a rua com segurança. No entanto, o veículo andava mais rápido do
que eu pensava. Quando me encontrava no meio da avenida, a enfermeira
gritou: “Cuidado!” Ouvi o chiado das rodas e o carro chocou com a parte
traseira de minha cadeira. Sofri um tremendo golpe. Terminei caído no
asfalto e gravemente ferido.
Conheceremos o Criador
Se
chegarmos a descobrir uma teoria completa, com o tempo esta deveria ser
compreensível para todos e não só para um pequeno grupo de cientistas.
Então, todo o mundo poderia discutir sobre a existência do ser humano e
do Universo.
No caso de encontrarmos a resposta a esta questão, alcançaríamos o
triunfo final da razão humana, porque nesse momento conheceríamos a
mente de Deus. Teríamos tornado realidade todos os nossos sonhos.
Para saber mais:
Big bang, o universo começou com uma grande explosão (SUPER número 2, ano 1)
Questão de tempo (SUPER número 5, ano 2)
Nos confins do tempo (SUPER número 11, ano 2)
Nas curvas do espaço-tempo (SUPER número 5, ano 3)
Viagem no tempo (SUPER número 11, ano 6)
Túnel do tempo (SUPER número 9, ano 10)
O dicionário do senhor Hawking
Antipartícula:
cada partícula elementar tem uma antipartícula do mesmo tipo. Quando
uma se encontra com a outra, elas se aniquilam mutuamente, deixando
apenas energia.
Big Bang: a singularidade do começo do Universo, quando tudo estava concentrado num unico ponto de densidade e temperatura infinitas.
Big Crunch: singularidade que se produzirá no final do Universo, caso ele entre em colapso até tornar-se um único ponto de densidade e temperatura infinitas.
Buraco
negro: região do espaço-tempo da qual nada pode sair devido à sua força
gravitacional muito concentrada. Nem sequer a luz é suficientemente
veloz para escapar: portanto, a zona não emite radiação e parece negra.
Porém, o princípio de incerteza da mecânica quântica admite que
partículas e radiação se filtrem para fora.
Espaço-tempo: descrição quadridimensional do Universo, segundo a teoria da relatividade, unindo as três dimensões do espaço e a única dimensão do tempo.
Horizonte de eventos: fronteira de um buraco negro. Uma vez atravessada, é impossível escapar dele.
Mecânica clássica: sistema de leis no qual cada objeto tem uma posição e uma velocidade determinadas.
Mecânica
quântica: sistema de teorias no qual as partículas não têm posições nem
velocidades determinadas e se comportam, de certo modo, como ondas.
Princípio
de incerteza: supõe que não se pode estabelecer com exatidão a posição e
a velocidade de uma partícula; quanto melhor se conhece uma delas, pior
se conhece a outra.
Pulsar: estrela de nêutrons em rotação, que
emite pulsações de ondas de rádio quando seu campo magnético interage
com o campo magnético que a rodeia.
Quasar: segundo se acredita,
consiste no núcleo de uma galáxia em cujo centro há um enorme buraco
negro rotatório no qual cai continuamente grande quantidade de matéria.
Esta alcança uma temperatura muito alta e emite muita energia antes de
ser apanhada pelo buraco negro. Os quasares estão muito longe, mas podem
ser observados devido à sua alta potência.
Radiação de Hawking:
partículas elementares e radiação emitidas pelo horizonte de eventos
dos buracos negros. Quanto menor é o buraco, maior é a quantidade de
radiação de Hawking, chegando a uma grande explosão quando, finalmente, o buraco se evapora e desaparece.
Relatividade
geral: a segunda teoria da relatividade de Einstein (1916), estabelece
que a gravitação é o resultado de distorções na geometria do
espaço-tempo (isto é, uma geometria que não considera só a distância
entre pontos no espaço, mas também a distância entre pontos no tempo) e
estabelece que os campos gravitacionais interferem nas medidas de um e
outro.
Segunda lei da termodinâmica: estabelece que a quantidade de desordem do Universo,
ou entropia, aumenta com o tempo. Diferencia-se das outras leis porque
nem sempre é certa — existe minúscula possibilidade de a desordem não
aumentar, num certo sistema. Também depende de o Universo ter começado num estado caótico.
Singularidade:
ponto no qual o espaço-tempo se curva infinitamente e chega a um fim. A
teoria clássica da relatividade geral prevê que este fenômeno ocorre,
porém não pode descrever como se comporta, porque ao chegar a este ponto
suas leis já não funcionam.
Teoria da ausência de limites: propõe
que o espaço e o tempo imaginário formam juntos uma superfície finita
em extensão, ainda que sem fronteiras nem bordas. Nessa teoria, o
espaço-tempo seria como a superfície da Terra, porém, com duas dimensões
a mais.
O filme de uma vida
Longe de conformar-se em ser um dos cientistas vivos mais admirados pelo grande público, Stephen Hawking
decidiu passar para um campo mais popular: o cinema. Por isso,
mergulhou na tarefa de modelar em celulóide o autêntico filme de sua
vida. Passo a passo com o diretor Errol Morris, o próprio físico supervisionou a filmagem do documentário Uma breve história do tempo, baseado em sua biografia.
Numa
espécie de “esta é a sua vida”, Morris recolheu testemunhos dos
personagens que mais influenciaram a carreira do cientista. Os parentes,
os colaboradores e alunos mais próximos, incluídos alguns dos
pesquisadores mais importantes do mundo, concordaram em colocar-se
diante da câmera para mostrar o mundo particular e cotidiano do
privilegiado Hawking.
O resultado de três anos de trabalho duro e centenas de horas de
filmagens são os noventa minutos de entrevistas pessoais que es-tão
sendo exibidos nos cinemas de uma parte da Europa.
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UM MOL DE ABRAÇOS A TODOS VOCÊS!!!!
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